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Morfologia dos escleritos fálicos de duas espécies simpátricas de grilos do gênero Miogryllus Saussure, 1877 (Gryllidae) - V Simpósio de Orthoptera - XXX Congresso Brasileiro de Zoologia - 2014

O gênero Miogryllus Saussure, 1877 apresenta 21 espécies válidas, com ampla distribuição na região Neotropical, sendo seis com localidade tipo na América do Sul. A determinação taxonômica dessas espécies é dificultada pelas descrições superficiais, baseadas em caracteres inconsistentes, fato evidenciado pelo grande número de sinônimos listados para algumas espécies. A genitália é largamente empregada na taxonomia dos Grylloidea, uma vez que atua como barreira mecânica para evitar o cruzamento entre espécies diferentes. Dessa forma, este trabalho teve como objetivo testar se a morfologia dos escleritos fálicos é um bom caráter para distinguir duas espécies simpátricas de Miogryllus previamente reconhecidas por diferenças no som de chamado. Foram analisados quatro indivíduos de Miogryllus sp.1 e dois de Miogryllus sp.2, coletados em gramados nos arredores do Campus Universitário de Capão do Leão, UFPel, RS, de janeiro a março de 2010/2011. As genitálias foram extraídas com pinças e alfinetes entomológicos e submetidas a um tratamento com solução aquosa de Hidróxido de Potássio a 10%, para a remoção das membranas. Após este procedimento que dura em torno de trinta minutos, os escleritos fálicos foram analisados, ilustrados e fotografados em microscópio estereoscópico Zeiss Discovery V20. O complexo fálico das duas espécies estudadas nesse trabalho é semelhante e formado por quatro escleritos: pseudoepifalo, rami, ectofalo e apódema ectofálico. O lobo principal do pseudoepifalo apresenta forma de H, com suas duas projeções posteriores curvadas dorsalmente e repletas de cerdas sensoriais. Os apódemas pseudoepifálicos são levemente arqueados, com suas extremidades anteriores afiladas, divergentes e conectadas aos rami por meio de membranas hialinas; os rami são sutilmente sinuosos e arqueados ventralmente; a dobra ectofálica é longa e se projeta entre as projeções do pseudoepifalo, com ápice acuminado e duas projeções laterais, conectadas ao apódema ectofálico, e extremidade anterior com ápice arredondado; apódema e arco ectofálico com forma de W, quando em vista dorsal. As duas espécies estudadas apresentaram a mesma disposição e forma dos escleritos fálicos, sendo este padrão compartilhado pelas espécies M. muranyi e M. piracicabensis, por outro lado, diferente das espécies M. pammelas, M. amatorius e M. scythros. Embora a morfologia dos escleritos fálicos seja amplamente empregada na separação de espécies de Gryllidae, para algumas espécies de Miogryllus não é possível sua aplicação, o mesmo ocorrendo para outros gêneros de Gryllinae como Anurogryllus e Gryllus.