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Sistemática e Biogeografia de Grilos, Esperanças e Anostostomatídeos

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Coordenador: Francisco de Assis Ganeo de Mello

 

A subordem Ensifera inclui os grilos, paquinhas, esperanças entre outros, e diferencia-se de Caelifera por apresentar antenas com mais de 30 segmentos; ovipositor longo em forma de espada, adaga ou tubular; tímpanos auditivos localizados nas tíbias anteriores (no primeiro segmento abdominal em gafanhotos) e tarsos com quatro segmentos (três em Grylloidea). Ensifera compreende as seguintes superfamílias: Grylloidea, Tettigonioidea, Stenopelmatoidea, Gryllotalpoidea, Schizodactyloidea, Raphidophoroidea e Hagloidea. A classificação adotada para Ensifera é a do Orthoptera Species Files Online (2013). As três primeiras superfamílias citadas, as mais abundantes no Brasil:

 

Grylloidea

Em Grylloidea, 6 famílias são reconhecidas: Baissogryllidae, Protogryllidae (ambas fósseis), e Mogoplistidae, Myrmecophilidae, Gryllotalpidae e  Gryllidae (recentes), esta ultima compreendendo as seguintes subfamílias: Gryllinae, Phalangopsinae,  Eneopterinae, Oecanthinae, Podoscirtinae, Pteroplistinae e Trigonidiinae (OSF, 2013).

 

Mogoplistidae - Também chamados de grilos com escamas, porque têm o corpo coberto por pequenas escamas. Pequenos, raramente excedem 15 mm de comprimento. Cabeça com fronte curta e achatada as antenas, estas separadas da fonte por um sulco transversal. Pronoto do macho frequentemente projetado para trás, com a margem posterior convexa e mais larga que a anterior, na maioria das espécies. As espécies movimentam-se durante a noite na vegetação baixa de cerrados ou em florestas. São comuns em serapilheira, mas também no dossel. Dois gêneros têm espécies descritas para o Brasil, um grupo provavelmente subamostrado.

 

Myrmecophilidae - Incluída por Dessuter-Grandcolas (2003) em Mogoplistoidea. Pequenos, com aproximadamente 5 mm de comprimento. Fêmur posterior curto e muito largo, suboval. Cabeça arredondada e pequena em relação ao pronoto. Olhos muitos pequenos, com poucos omatídios. Antena pouco mais comprida que o corpo. Segundo tarsômero muito pequeno, deprimido lateralmente. Tíbia posterior com poucos espinhos longos e móveis. Machos e fêmeas ápteros. Cerco e ovipositor curtos. Vivem em colônias de formigas e talvez de cupins, o que explica os poucos registros.

 

Gryllotalpidae - Conhecidos popularmente como paquinhas. Corpo marrom-claro, relativamente forte, cilíndrico, densamente coberto de cerdas curtas e finas. Cabeça pequena, mais estreita que o pronoto, com dois ocelos e antena curta. Pronoto consideravelmente mais comprido que largo, formando um escudo dorsal convexo, que se curva ventralmente até as coxas. Pernas modificadas para a função de cavar, principalmente a anterior, com coxa muito grande. Passam a maior parte da vida em túneis superficiais, em solos arenosos e úmidos na beira de rios, lagos e lagoas, saindo a noite para acasalar, voando distâncias razoáveis. Alimenta-se de detritos vegetais e raízes que se encontram em seus túneis, provavelmente predando pequenos animais que encontram. Compreendem uma única subfamília com duas tribos. Para o Brasil, são seis gêneros e treze espécies. Os gêneros mais abundantes e ricos em espécies brasileiras são Scapteriscus Scudder e Neocurtilla Kirby.

 

Gryllidae: Gryllinae - Conhecidos popularmente como grilos. São terrícolas, raramente arborícolas. Variam de menos de 10 mm a mais de 50 mm de comprimento. A maioria possui cor escura, variando do preto ao marrom. Cabeça globular, sem cerdas. As espécies mais frequentes em ambientes abertos pertencem a Gryllus L. Está dividido em 8 subfamílias  e 11 tribos. Seis gêneros e 11 espécies foram citadas para o território brasileiro. Acredita-se que exista, no Brasil, espécies crípticas neste gênero, cuja distinção depende de análises bioacústicas e de veias estridulatórias.

Phalangopsinae - Às vezes são chamados de grilos-aranhas ou grilos-de-caverna. Cabeça curta, alongada verticalmente. Antena inserida acima da metade da face. Corpo relativamente delgado, com pernas, antenas e cercos longos. A maioria tem atividade noturna, permanecendo escondida durante o dia sob as cascas parcialmente soltas de árvores, embaixo de troncos no solo ou entre as folhas da serapilheira. São mais comuns nas florestas, mas algumas espécies são coletadas em vegetação de cerrado. É a família com maior número de espécies relatadas no Brasil: 24 gêneros e 55 espécies.

Eneopterinae - Formato geral do corpo frequentemente fusiforme. Olho pequeno a moderado. Tíbia anterior com três espinhos apicais dispostos em triângulo. A espécie mais comum é Eneoptera surinamensis (De Geer), abundante em áreas perturbadas em todo o território nacional. A maioria das espécies vive sobre arbustos e árvores, tanto em floresta como em cerrado, e algumas sobre a serapilheira. É dividida em duas subfamílias e nove tribos. No Brasil ocorrem 18 espécies em oito gêneros. 

Oecanthinae - São chamados de grilos arbóreos, devido a seu hábito, mas ocorrem também sobre a vegetação baixa. Variam de 10 a 15 mm de comprimento, são delicados e usualmente verde-pálidos, com asas translúcidas. Cabeça horizontal, prognata. Ocelos ausentes. Asas sempre bem desenvolvidas. O grupo foi pouco estudado no Brasil pela dificuldade de coleta. Tem uma única subfamília e duas tribos. Para o Brasil, são descritos dois gêneros e cinco espécies.

Podoscirtinae - Formato das asas confere formato fusiforme. Fronte achatada. Tíbia posterior com no mínimo cinco esporões dorsais internos e cinco externos (oito internos e seis externos em Hapithini), e com três esporões apicais externos muito curtos. Os podoscirtídeos  tem hábitos noturnos e deslocam-se lentamente à noite na vegetação da floresta ou na serapilheira. Está dividido em 10 tribos e quatro subfamílias. No Brasil ocorrem 15 espécies distribuídas em 11 gêneros.

Trigonidiidae - Tíbia anterior com dois esporões apicais internos. Tíbia posterior sem espinhos entre os esporões dorsais, estes em número de três internos e três externos. Primeiro tarsômero sem fileira de espinhos. São pequenos, medindo em torno de 10 mm de comprimento. É a segunda família de Grylloidea em número de espécies no Brasil: nove gêneros e 32 espécies.

 

Tettigonioidea

São conhecidos popularmente como esperanças, distingue-se de Grylloidea principalmente pelo número de artículos tarsais, totalizando quatro, um a mais que Grylloidea. Composta por uma única família, Tettigonidae, descrita abaixo:

Tettigoniidae - São cosmopolitas, porém mais diversos nos trópicos. Para o Brasil, existem 566 espécies descritas. São herbívoros, mas existem alguns grupos predadores. São bem conhecidos pela produção de som. É a única família com representantes vivos para Tettigonioidea. Está dividida em 19 subfamílias recentes: Acridoxenae, Austosaginae, Bradyporinae, Conocephalinae, Hetrodinae, Hexacentrinae, Lipotactinae, Listroscelidinae, Meconematinae, Mecopodinae, Microtettigoniinae, Phaneropterinae, Phasmodinae, Phyllophorinae, Pseudophyllinae, Saginae, Tettigoniinae, Tympanophorinae e Zaprochilinae. Algumas recebem status de famílias por outros autores.

 

 

Stenopelmatoidea

No Brasil representados pela família Anostostomatidae, descrita abaixo.

Anostostomatidae – No Brasil, não possuem um nome popular, ao menos entre o povo não nativo. Eventualmente são referidos como “grilos”, embora não se trate de Grylloidea, mas de Stenopelmatoidea. Facilmente identificavel pelo corpo convexo em vista lateral, tegumento brilhoso, glabro e com os dois sexos apteros. Coxa anterior possui lobo com espinhos.  Durante o dia permanecem escondidos sob troncos ou pedras, serapilheira ou em tocas cavadas por eles mesmos. A maioria é predadora de outros insetos. Representantes dessa família foi até recentemente objeto de pouco entendimento taxonômico. Muitos dos gêneros foram colocados em Stenopelmatidae, Mimnermidae e Gryllacrididae, não havendo consenso sobre a real situação taxonômica do grupo (JOHNS, 1997; GOROCHOV, 2001).

 

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